Poemas de Iris Mendes

01/06/2014 23:00

-Máquina Fotográfica:

 

Estou em preto e branco

Acompanham-me

Cinzas e cigarros apagados.

A ressaca do vicio, um trago indesejável.

Cai a mais pesada pedra do silêncio.

Tudo é filme antigo,

A noite é escura.

Não sei onde se esconderam as cores

Muito menos sei

Se o sol nascerá de novo.

(Op.cit.p,108).

 

-Liberta:

 

Sempre fui moça

Solta

Sem bolsa

E escova

Sem pulseira

Sem brincos

Nem batom

Vestia o que pensava

Aparentava o que pregava

Até ver meu estilo desbotado

Virando fiasco e pano de chão,

Meu mundo acorrentado

Beirando ao fracasso

E uma promessa, de mulher indefinida

Sem medo, sim!

Porém sem iniciativas

Não sei se troquei meus valores

Ou foram eles que perderam as cores

Com que roupa eu vou?

Agora que estou tão nua

E a vida é assim.

(Op.cit,p.109-110)

 

 

-O Castigo das Fadas:

 

Sentimentos

São laços de fadas que envolvem os humanos

Os meus, jamais devotei a alguém

Então caiu sobre mim um feitiço:

Nem príncipes, nem madrinhas ou amigos;

Nem toque de varinha de condão.

Nada de abobora ou sapatinhos,

E é por isso que tenho os pés no chão.

Caminho numa estrada sem lua.

O fim da estrada é pra solidão.

(Op.cit,p.112)

 

-Via Crucis:

 

O povo

Passa fome

Passa

Dor

A fome não passa

Não passa a dor

Não tem sabor

O povo

Passa

Frio

Passa

Sede

E fome passa até de amor

De tudo o povo é passador

E ainda é devoto

E vota poder

Ao seu agressor

O povo

É São Sofredor

Morre

E a Pátria não lhe tem amor.

(Op.cit,p.132-133)

 

-Incógnita:

 

Meu corpo

É o néctar da paixão

Que tu, abelha insaciável,

Exploras com ardor e sofreguidão

E o que me garantes, irresistível aventureira

O que será do meu mel

Se as flores são efêmeras

E a tua profunda sede é eterna.

(Op.cit,p.115)

 

-Alecrim:

 

O morro olha silencioso

A cidade.

Somente o vazio fértil ou as inquietações

Que existem no interior das pessoas

Mais serenas ou imensas

Falam.

 

As luzes

Dizem

A cidade,

A vida,

O mundo armado em concreto

Do homem selvagem,

Porém, ás vezes eterno,

Quem sabe prenhe a humanidade!

(À noite)!

Alecrim! Ninguém é de ferro

E a tua ternura quebrou-me

O concreto.

 

-Produto:

 

Desces a rua

De corpo em voga,

Vestido em modas

E alma nua.

 

Andas firme, imponente.

Respiras empáfia.

És belo, mas não te iludas:

És fútil

Embora pareças profundo.

 

Quando te olho,

Não tenho deslumbramento

Tenho cuidado.

Cuidado!

Em tua caixa está escrito

“FRÁGIL”.

(MENDES, 2001, p.107-108)

 

-Soneto da Luz:

 

Quando as tardes são mais quentes

Banhadas de vida, paixão e luz.

E as pessoas derramam-se, completam-se e confundem-se.

E são mais puras.

 

Quando a serenidade ocupa nossos espaços

A leveza pode inspirar liberdade- tentações!

A razão não vale mais nada

Explosão! Emoção!

 

E eu sou uma borboleta amarela que desliza sobre o azul,

Embriagada pelo encanto,

Decifra os sons do vento, bailando enamorada por entre as flores.

 

Meu coração é simples, porém Minh ‘alma é complexa.

Como mariposa que se precipita ao fogo, atiro-me sobre a profundidade do ser,

Em busca de luz. – Meu Deus, que loucura!

(MENDES, Sociedade das Letras: Prosa, Poesia e Cia.p.107)

Blog

NECRÓPOLIS- WYBSON CARVALHO

08/09/2014 15:45
Necrópolis Lestiana   Lugar sem a palmeira, lugar sem o sábia, lugar sem o canto, lugar sem a lira, lugar sem a harmonia, lugar sem o seu lugar!

Despida(Poesias)- Inês Pereira Maciel

08/09/2014 15:31
Vídeo Tape   Frente à TV, assisto em alguns segundos, A vida, em tapes, perdendo-se, sem rumo... Vejo faces do crime, tragédia, desgraça, Da corrupção, violência, fraude, trapaça...   Vejo a política com seu poder e sua cobiça; Vejo a fome e o medo nas ruas morando; O desemprego e a saúde...

Biografia de Inês Pereira Maciel

01/06/2014 23:02
  Poetiza caxiense formada em Direito, ingressou no funcionalismo público federal em 1979 como Auditora Fiscal do Trabalho. Exerceu cargos ao longo da vida pública, a citar, a Assessoria Especial do DRT-MA. Em 2002 afastou-se do funcionalismo público em decorrência de sua aposentadoria por...

Poemas de Iris Mendes

01/06/2014 23:00
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-VIDA E OBRA DE IRIS MENDES:

01/06/2014 22:58
-VIDA E OBRA DE IRIS MENDES:   Maria Iris Mendes do Nascimento, filha de Manoel Felipe do Nascimento e Maria Mendes do Nascimento, nasceu em três de fevereiro de 1969, às três horas da manhã, na Rua Nossa Senhora de Fátima, no bairro Piquizeiro, pelas mãos da parteira “Mãe Odocha”. É filha...

ANÁLISE DOS POEMAS: CANÇÃO AO EXÍLIO, DE WYBSON CARVALHO E PARA CAXIAS, DE SILVANA MENESES.

01/06/2014 22:55
ANÁLISE DOS POEMAS: CANÇÃO AO EXÍLIO, DE WYBSON CARVALHO E PARA CAXIAS, DE SILVANA MENESES.     ANALISANDO O POEMA CANÇÃO AO EXÍLIO, RETIRADO DO LIVRO POESIA REUNIDA, DE WYBSON CARVALHO:   em minha terra havia palmeiras e o canto dos sabiás. nela, exalava o perfume dos...

Algumas Considerações sobre o Teatro

01/06/2014 21:56
Excelente recurso de transmissão da mensagem cristã para crianças. A criatividade, a fantasia, a imaginação, a curiosidade..., são características desta faixa etária e estão (ou, deveriam estar) todas presentes no teatro infantil. Contudo, este recurso deve ser utilizado na catequese para todas as...

Samaritana de Vespasiano Ramos

14/03/2014 21:07
SAMARITANA Piedosa gentil Samaritana: Venho, de longe, trêmulo, bater À vossa humilde e plácida cabana, Pedindo alívio para o meu viver! Sou perseguido pela sede insana Do amor que anima e que nos faz sofrer: Tenho sede demais, Samaritana Tenho sede demais: quero beber! Fugis, então,...

Poema de Wybson Carvalho

14/03/2014 20:44
Preferência Do amor quero a causa da intenção para que ele exista em nós. Do ódio não quero a intenção da causa para que ele desista de mim e de ti. Wybson Carvalho - Poeta Caxiense - CaxiasMA

Teatro

14/03/2014 15:36
  O termo teatro deriva do grego theatrón, que significa “lugar para contemplar”. O teatro é um dos ramos da arte cénica (ou performativa), relacionado com a actuação/interpretação, através do qual são representadas histórias na presença de um público (a plateia). Esta forma de arte combina...
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Eu e a poesia

 

No oceano das palavras frias,

Navego no meu barco de emoções,

Nele tentando fisgar a poesia,

Com meu pequeno anzol de ilusões!...

 

Se no meu peito bate um coração poeta,

Por certo que também bate um sonhador:

Pois se a vida sem sonhos é incompleta,

Sem a poesia, os sonhos não têm cor!

 

Talvez eu seja uma pobre sonhadora-poeta,

De versos sem eco, sem rima, sem métrica,

Que tentando usar a pobreza do punho,

Esboça, sonhando, poema em rascunho...

 

Ainda que pobres sejam meus versos

São eles, porém, que me dão a ilusão,

De que tenho o mundo, tenho o universo,

Guardados, inteirinhos, na palma da mão...

 

(Inês Maciel)

Congresso Nacional

 

Apaga a luz!

Senão há luta.

Fala baixo!

O povo escuta.

Esconde o rabo!

O povo puxa.

Compra a imprensa!

Olha que o povo pensa.

Faz calar toda a gente,

Quem cala consente.

Põe a sujeira

Debaixo do tapete,

Mente.

O que os olhos não vêem

O coração não sente.

 

(Íris Mendes)